quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Minha vida

Quando era criança me via às voltas com cadernos e canetas na mão. As pessoas me perguntavam o porquê disso. Para muitos era motivo de riso. Na realidade eu sempre gostei de escrever. Escrevia histórias que mais pareciam novelas de TV do que outra coisa. Mas quem diria que um dia eu escreveria a minha própria história. Pois é, aqui estou para descrever o meu drama, todo o meu sofrimento e espero que eu possa estar ajudando muita gente também que talvez esteja precisando ler cada palavra escrita neste texto. Lembro-me que antigamente eram muito comum as pessoas se corresponderem por carta. Uma vez estava sentada na minha cama do meu quarto quando a minha mãe aparece com uma revistinha. Ela me deu e nessa revistinha pude perceber que existiam milhares de pessoas de todo o Brasil que colecionavam papel de carta, nesse tempo era moda. Aí comecei a escrever para as meninas e nossa, quantas cartas recebia por dia!Só Deus sabe. Amava fazer amizades com essas meninas. Teve um tempo que queria passar a colecionar cartões postais também. Fiz amizade com um rapaz de Formiga - MG, aí ele mandava alguns postais pra mim. Era muito legal. Ele gostava tanto de mim que chegou a dizer que se algum dia eu parasse de escrever pra ele, ele ficaria muito triste. Quando ele se casou aí parei definitivamente de escrever pra ele. Deve ter ficado triste sim, mas acho q fiquei com um pouco de ciúmes dele talvez. Agora gostaria de falar um pouco da minha família. Confesso que tive uma infância muito conturbada. Tive traumas, fruto de uma família desunida. Como em quase todas as famílias, na minha casa existiam muitas brigas, desentendimentos e eu era a filha caçula, a mais sensível de todas. Lembro-me que a minha avó morava com a gente. Na casa moravam eu, minha irmã mais velha, meu pai, minha mãe, minha avó, meu tio e uma senhora que ajudou a me criar, assim como a minha irmã. Esse tio era filho de criação da minha avó. Nesse tempo ela dormia comigo mais Danielle no quarto de cima. Alberto tinha um quarto só pra ele no andar de baixo. E assim fomos levando a vida. Só que em belo dia, eu, um pouco incomodada com o bafo da minha avó, fui dizer pra Alberto que eu não suportava o bafo dela e ele foi diretamente contar pra ela. Ela deixou de dormir comigo e Danielle por causa disso tudo. Passou a dormir no quarto de baixo. Aquilo pra mim foi um grande choque que levei na minha vida. Eu era muito pequena e desde esse dia o meu relacionamento com Alberto foi esfriando e hoje conversamos, mas não mais como antes. Fui ficando uma criança retraída e tímida. O meu comportamento foi se modificando e eu andava como uma velhinha, corcunda e de cabeça baixa o tempo todo. Quando ia pra escola chamava a atenção de todos e com o tempo isso foi se agravando para uma doença mais grave tipo uma neurose. Com oito anos mais ou menos isso já tinha acontecido. Foi com a idade de oito anos pra cima que fui tachada de esquizofrênica pelos meus familiares e até mesmo por um psiquiatra que hoje é um grande amigo meu, apesar de não termos mais contato um com o outro. Era citada como doente na escola que freqüentava aqui perto de casa. Fui começando a desenvolver a minha doença nessa época. Para quem não sabe a neurose que desenvolvi, fruto desse meu retraimento interior, ela é popularmente conhecida como TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo).Só fui descobrir que tinha essa doença já na idade adulta.Nesse tempo eu tinha uns pensamentos que me incomodavam muito.Eram pensamentos repetitivos e todas as vezes que saia de casa eu tinha que ter esses pensamentos.Caso eles não aparecessem quando ia pra rua, era sinal de que nada ia dar certo.Era muito sofrido tudo isso.Com 14 anos finalmente decidi parar com eles, pois não agüentava mais. Foi exatamente com essa idade que procurei a minha primeira psicóloga. Só que de nada adiantava conversar com elas, assim dizia mamãe, pois tinha tempos que estava boa e tempos que estava mal. Tinha as minhas crises e elas não tinham hora marcada pra acontecer. Essas crises atrapalharam em tudo na minha vida. Na aprendizagem e no amor. Quando tinha 15 anos repeti o ano e freqüentei várias escolas até que terminei o segundo grau sabe Deus como, lógico, com a condição de mamãe ter que procurar um psiquiatra pra mim. Isso com 19 anos. Com relação à parte amorosa, com 12 anos era muito paquerada e nas minhas viagens ao ceará (Sobral-Fortaleza) conheci um rapaz maravilhoso e nós começamos a gostar um do outro. Ele se apaixonou por mim e eu por ele. Só sei que ele ficou com todas, menos comigo, por causa da minha mudança de comportamento. Ele chegou a dizer pra minha irmã que estava cego quando se apaixonou por mim. Somos amigos apenas e gosto muito dele, pois passamos férias maravilhosas no ceará e bons tempos nunca voltam. Com 14 anos conheci uma grande amiga que se chama Inêz. Ela me fez conhecer a doutrina espírita e de muito me ajudou também. Ela com certeza faz parte da minha lista de amigos especiais. Tive contato com duas psicólogas na minha vida e gostava de todas elas. Sempre fui de dar lembrancinhas para os meus analistas. Quando era adolescente, gostava de escrever cartinhas para as pessoas (família, primos e amigos). Escrevia carta até pra Deus. Gostava de montar altares. Uma vez vi numa revista chamada “Destino” um altar budista legal. Coloquei Buda no centro da mesa, oferecia arroz, vela, flores e incenso. Era um altar bem fácil de fazer. Eu começava meditando, depois lia a carta que tinha feito e depois de algumas horas passadas o quarto exalava um enorme cheiro de flores. Ficava tão feliz porque sabia que Deus ouvia as minhas preces. Inêz foi embora pra sua cidade de volta. Quanta tristeza. Sentia-me tão triste, tão sozinha e durante muito tempo nos correspondemos através de cartas. Hoje com o computador tudo ficou mais fácil e até dá pra fazer novas amizades novamente. O desejo de arranjar um namorado sempre foi muito grande dentro de mim. Acho até que nasci pra casar. Só fui namorar com 19 anos. Foi um namoro que durou questão de semanas. O motivo é que Maurício mentiu pra mim desde o começo. Ele tinha uma filha e uma mulher que morava em outra cidade. Um certo dia a mulher dele descobriu e me telefonou fazendo mil ameaças e até que não o procurei mais. A partir daí cheguei a conhecer um cara do ceará (Sobral) e ficamos juntos um dia só, pois o cara era um aproveitador sexual. Teve uma época da minha vida que estava bem gordinha e decidi ir a um endocrinologista. Ele por sinal é meu parente distante. Graças a ele consegui perder 40 quilos e também foi ele que me indicou um psiquiatra. Fui conhecer o Dr.Raimundo. Um médico já de idade avançada e muito experiente. Como todo médico, receitou vários remédios e confesso que no começo até me adaptar com eles foi muito complicado. Sofri muitos efeitos colaterais tipo ansiedade, contração muscular, aumento de peso (cheguei aos 100 quilos), os meus seios encheram de leite, enfim, só Deus sabe o que passei.Certa noite não conseguia dormir em decorrência desses efeitos colaterais e cheguei a enfiar uma faca na barriga.Passei cinco anos com ele e tive uma fase até boa em que passei no vestibular pra psicologia, uma profissão garantida eu já tinha e isso era motivo de muita felicidade.Só que me estressava demais na faculdade e daí surgia à depressão aliada sempre aos efeitos colaterais dos remédios, para a minha total infelicidade.Cheguei a trancar uns cinco períodos na faculdade em decorrência desses estresses.Primeiro vinha o estresse.Começava a vomitar e não conseguia me alimentar direito.Depois a depressão propriamente dita (pensamentos persistentes, apatia, desânimo...). Teve um período na minha vida que cheguei a pensar que iria enlouquecer. Com a minha doença conheci muitos amigos da minha idade que vinham até a minha casa rezar comigo, cantar... Levavam-me para as suas igrejas e com certeza foram peças bem marcantes na minha vida. Revi velhos amigos de escola que também passaram pelos mesmos problemas. Coisas da vida. Depois do Dr.Raimundo tive um outro amigo psiquiatra Dr.Paulo. Esse caiu do céu. Antes mesmo de me dar alta decidi abandonar o tratamento por conta própria. Já me sentia bem e cheguei à conclusão que nós mesmos é que fazemos a nossa doença. Depende de nós sermos felizes. Temos que ser pessoas otimistas e não pessimistas, baixo astral. Sempre me entreguei muito à depressão, à tristeza. Com tudo isso você vai alimentando sentimentos ruins e mais os espíritos ficam te obsedando querendo na realidade a sua morte. Você pode dominar a sua mente. Aquilo que você é reflete naquilo que você pensa. Se você pensa coisas boas, é alegre, isso faz com que você leve uma vida saudável e feliz. Não se entregue ao desânimo jamais. É óbvio que o que ajudou com que tomasse essa decisão na minha vida não foram os remédios, mas a maturidade.Claro, de muito me ajudaram os meus amigos psiquiatras nas conversas que tiveram para comigo.Os carregarei eternamente em meu coração.Sabe, a vida me proporcionou que não devemos dar o braço a torcer.Como diz Mário Quintana “Deixe que as borboletas venham até você”. Para que dar trela para quem nada quer com você?Para que se iludir com falsos amores?Não existe coisa pior na vida do que a desilusão. Ela nos faz sofrer muito. Devemos esperar pela pessoa amada sem que precisemos ir atrás dessa pessoa. Deixe essa pessoa te procurar, pois só assim irá ter certeza se ela quer realmente alguma coisa com você. Caso contrário tente se contentar com a vida que você leva. Enfrente todos os obstáculos que a vida te impõe. Viva a sua solidão sempre com a cabeça erguida, para que as pessoas não te chamem de doente. Não podia deixar de falar da minha irmã, dos tempos em que moramos juntas na mesma casa. Apesar dos pesares, sempre fomos muito amigas uma da outra. Ela sempre foi muito preocupada comigo. Lembro-me dos tempos de infância, por quantas coisas maravilhosas passamos juntas, viagens, passeios... Logo quando se casou ela teve um cisto roto. Seu sonho era ter filhos, muitos filhos. Com esse cisto ela ficou com medo de que talvez ficasse até impossibilitada de realizar o seu sonho. Ela ficou desesperada, pois acabara de se casar e queria ter pelo menos um filho pra dar ao seu marido que tanto amava. Eu e mamãe vínhamos sonhando direto com a mãe de Deus segurando uma criança. Eu sonhei e ela visualizou, por incrível que pareça tivemos o mesmo sonho. Quando a minha irmã sentiu as dores provocadas pelo cisto, na mesma hora e no mesmo dia eu sonhei com Jesus Cristo me dizendo as seguintes palavras: ”Cura e Vida”. Cura porque o cisto foi tirado com sucesso e vida porque em pouco tempo deu à luz a uma linda criança. Os avisos foram muitos em relação à presença de crianças em sua vida. Hoje ela é muito feliz, já tem a sua estabilidade e tem duas meninas atualmente, pois pretende ter mais um filho, menino. E, finalizando, gostaria de esclarecer que passei quase toda a minha infância em Sobral e Fortaleza-Ceará, pois a minha mãe é de Sobral. Quando era criança sempre costumava escutar batidas em portas, sentir cheiro de incenso pelo quarto, vê coisas se mexendo...Algumas pessoas falavam que era a primeira filha da minha mãe que estava sempre muito presente entre nós.Ela na realidade não chegou a nascer, ou melhor, nasceu morta.Muitos até chegavam a vê-la em espírito e falavam que ela era a minha protetora, e por incrível que pareça eu tenho muita coisa de uma criança realmente, diziam essas pessoas.
Bom, eu espero estar ajudando alguém a se encontrar,assim como eu,através de todas essas características da neurose obsessivo-compulsiva.
O que quero acrescentar é que a minha professora citou um caso clínico, na qual eu me identifiquei muito, ou seja, eu passei por isso também, da mesma forma que o tal paciente citado. Quando começou a doença propriamente dita, tinha uns rituais que fazia, e isso para mim era muito sofredor. O que aconteceu é que decidi acabar com os rituais e não com os pensamentos, pois eles pioraram com o passar do tempo. Na realidade, decidi acabar com esses primeiros rituais, pois com o tempo, novos rituais foram acontecendo. Posso citar alguns exemplos: sempre tive pensamentos repetitivos, acompanhados desses rituais, pois acredito que por mais que tentemos nos livrar deles, sempre eles retornam de uma forma diferente da original.
No começo tinha os pensamentos repetitivos e uns rituais, caso tudo isso não acontecesse, o dia não seria legal. Na fase adulta, continuei com esses pensamentos e no caso dos rituais, por exemplo, seriam os movimentos repetitivos.
Como tinha dificuldades para me concentrar no que estava lendo, em decorrência dos pensamentos, sempre desistia de fazer as coisas (ler um livro, uma revista, ouvir um rádio, uma televisão...). O que acontecia é que eu pegava o livro para ler e em alguns segundos, os devolvia para o armário, isso seguidamente, sempre.
No caso da televisão, era a mesma coisa.
Eu ligava a televisão ou o rádio, e se tinha os pensamentos, desligava-os imediatamente. Isso, várias vezes ao dia.
Era muito sofredor. Começava a chorar e me acabava com a depressão, que tinha que surgir conseqüentemente.
Bom, gostaria de falar também, que estou aprendendo muito com a psicologia, e em decorrência desse fato, resolvi que com certeza, novas idéias ainda surgirão na minha mente, e quando isso acontecer, prometo colocar aqui para servir de fonte de pesquisa, talvez, para muita gente.Vocês acreditam que ontem à noite, na hora que eu ia para o psiquiatra, a minha “Revista UFO”, caiu no chão sozinha?Eu acredito que seja a minha amiga protetora (a criança). Não sei por que, mas prescinto que ela não estivesse muito a fim de me mandar até lá, estou até agora, tentando entender. Novamente, caí na depressão, pois acredito que este seja o mal do século, infelizmente, e tenho muita fé que quanto mais o tempo passar, mais coisas boas acontecerão.

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